quarta-feira, 11 de junho de 2008

Viajando no trem da vida


Nós estávamos apreensivas em pegar o trem de Fortaleza pela primeira vez em nossas vidas. A novidade foi o assunto da semana. Finalmente, chegou o grande dia da nossa viagem.
Ao chegarmos cedo à estação João Felipe, ficamos admirando o lugar. Fomos de uma ponta a outra para conhecermos tudo.
Várias banquinhas de lanches, um vagão de trem antigo e várias pessoas entrando e saindo do lugar compunham a cena da estação.
O trem chegou! Uma multidão se apertava para sair dos vagões. Todo mundo queria sair rápido daquele aperto. Alguns ainda com sono, outros já estressados àquela hora da manhã, outros conversando alegremente e muitas crianças, o que nos chamou atenção.
Agora, era a nossa vez de embarcar no trem e fazer uma longa viagem. Pensávamos que as instalações eram precárias, mas nos enganamos. Estava tudo novo, limpo e confortável.
Junto com a gente, não embarcaram muitas pessoas. O horário de rush já tinha passado.
O trem deu partida. Observávamos tudo e todos. As pessoas que estavam no trem tinham suas fisionomias tranqüilas. Para eles, estar ali era a coisa mais normal do mundo. Eles nem podiam imaginar o quão novo e diferente aquilo era pra gente.
Paramos na primeira estação e logo entrou um pai com sua filha pequena. Eram eles André Luiz e Amanda. Ele nos contou que trabalhava como vigia em uma empresa e que estava indo levar sua filha para o médico. Ficou viúvo há poucos meses e era ele que cuidava sozinho da sua filha. O trem era próximo da casa deles, por isso era o transporte escolhido por André. O preço e a rapidez também contavam.
A menina saltitava dentro do trem, enquanto o pai, que parecia um homem tímido conversava com a gente. Logo chegou a estação de destino deles, nós nos despedimos e eles foram embora.
Entrou mais algumas pessoas e Dona Terezinha sentou ao nosso lado. Com um sorriso largo e de poucos dentes, logo puxou assunto com a gente. Era uma das pessoas mais animadas que já conhecemos e com uma história de vida impressionante.
Ela nos contou que se separou do marido quando os seus seis filhos ainda eram pequenos. Dona Terezinha teve que trabalhar muito para poder sustentar a casa. Ela nunca reclamou e nem nunca quis desistir de nenhum dos seus filhos.
Hoje, ela conta sua história em gargalhadas: “A vida é dura minha gente, mas se eu ficar lamentando ela faz é piorar. Eu gosto é de rir”.
O trem sempre fez parte da vida de Dona Terezinha. Ela prefere ir para trabalho de trem porque é mais barato. “Agora os trem tão é bom. Antes isso aqui era horrível. Tudo velho”, conta Dona Terezinha. Chegamos à última estação e a ela foi embora.
A volta foi tranqüila, com quase ninguém dentro do trem. Era o momento de refletir sobre a experiência que tínhamos vivido.
Todos os dias, em torno de quatro mil pessoas entram e saem do trem, cada uma com suas histórias de vida incríveis.

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